sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Desorientação

Entro num cabeleireiro com aspecto moderno. Presentemente, estou a trabalhar num pequeno estudo de tabelamento de preços da cidade de Bissau e pretendo indagar neste estabelecimento o custo dos diferentes cortes de cabelo e produtos de cosmética. Este estúdio de estética fica bem no centro de Bissau. Uma zona antiga, com estradas semi-alcatroadas e avenidas que se intersectam perpendicularmente. Um lugar bem diferente da África de caminhos sinuosos de terra batida, dissolvidos no mato, que não se percebe onde começam nem onde acabam. Aqui é outra história. Encontro-me em plena África ortogonal, produto colonial, fruto da obsessão geométrica dos seus planeadores. E a conclusão do pequeno inquérito obriga-me a dizer ao funcionário:

- Muito obrigado pelas informações, acho que já está tudo. Ah, é verdade, precisava apenas de saber a morada deste estabelecimento.

E o mulato, muito penteadinho, a carapinha bem tratada, besuntada de gel, responde gentilmente:

- Eu sou o empregado. Para isso tem que falar com o administrador.

De agora em diante, passo a achar um exagero envergonhar-me e condenar-me violentamente por confundir os nomes das ruas da baixa lisboeta. Tenho saudades desse mundo que nunca conheci: inominado, não cartografado, sem GPS, onde os lugares tinham os nomes que nos ocorria atribuir.

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